Hagiografia de uma cortesã: idílio, modo romanesco e legenda em Lucíola, de José de Alencar

RESUMO Desde seu lançamento, Lucíola (1862) tem sido objeto de análises que abordam especialmente o paralelo com a A dama das camélias (Alexandre Dumas Filho) e Paulo Virgínia (Bernardin St-Pierre). Porém, raramente as questões ali presentes foram tratadas em conjunto, modo constituírem uma narrativa única coerente. Pois, despeito da linguagem erótica dos capítulos iniciais, imagens idílicas ou “analogia inocência” (Frye) acabam por sobrepor-se gradualmente na construção cenas, diálogos situações, assim como nas remissões à obra St. Pierre, Atala (Chateaubriand) aos idílios Teócrito. Assim, sofre modificação crucial mythos, passa orbitar torno do conceito idílio, não apenas enquanto locus amoenus (Curtius) mas sobretudo no sentido moderno atribuído ele Schiller (1800), segundo qual trata-se um vir-a-ser só se realiza plenamente chave transcendência. Tal reorientação, imanência transcendência, aproxima-o chamadas “formas simples” (Jolles), é legenda cristã. Ao objetificar bem mal, culmina personagem qualitativamente superior santo, cujos mythos dão através “trajeto conduz santidade” (Jolles). Discutindo tais premissas teóricas, artigo propõe crítica revelou profunda incompreensão quanto ao papel discursivo G.M., digna senhora responsável publicar cartas ela entregues Paulo, amante heroína. G.M. compreende romance vita exemplum - algo narrador chega entender.